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Dos palcos à cor da pele: Representatividade na dança erudita

  • Black Redatoras
  • 5 de out. de 2020
  • 3 min de leitura

Atualizado: 13 de out. de 2020

Negros correspondem à 57,1% da população brasileira, mas ainda são minoria no mundo da dança erudita. Bailarinos pretos contam suas histórias e perspectivas para a mudança desse cenário


Sapatilhas de balé clássico da artista erudita Jeovana Dutra - Foto: Taciane Baptista


A dança erudita surgiu na Europa na constituição do Estado Nação, a partir do século XVIII até o século XIX. Com a necessidade de formar uma identidade nacional, a dança teve como papel uma forma de unificação regional e um meio de manifestação de cultura que exigia esforço e tempo.


Era preciso utilizar a intelectualidade como forma de expressão. Depois da chegada da família real portuguesa ao Brasil a dança se difundiu pelos estados, mas só concretizou por volta do século XX, através da permanência de vários professores e bailarinos por algumas cidades do país.


Desenvolvida para ser uma arte exclusivamente da alta burguesia, ainda vemos o reflexo da desigualdade deixada por anos, ao analisarmos a presença de negros nesse meio, especialmente no ballet clássico. De acordo com o Instituto Brasileiro de Geografia e Estatística (IBGE), a populção negra no Brasil corresponde à 57,1%. No entanto, os bailarinos negros são minoria e lutam por um espaço e uma maior representação na dança erudita.

Imagem do gráfico representando os dados raciais da população no Brasil. Fonte: IBGE


Segundo a professora Flávia Regina, proprietária do Studio de Dança Regina Célia, em Belo Horizonte, especialista no método do tradicional balé russo Bolshoi, o número de bailarinos negros na dança erudita é pequeno porque não estão sendo dadas oportunidades para aumentar a presença dos mesmos na modalidade.


“Quanto mais a gente propicia oportunidade de vivência, mais pessoas vão gostar e procurar esse tipo de conteúdo”, conclui.


Bailarina clássica do Studio Regina Célia - Foto: Reprodução/Instagram


A estudante de Educação Física e bailarina contemporânea, Jeovana Dutra, faz parte da minoria de artistas pretos e salientou a importância da participação das instituições governamentais para promoção de mais projetos sociais no processo de educação sobre a dança.


Acredita que precisa haver uma popularização no ensino da dança e que é necessário que a sociedade leve esse ramo não apenas como uma distração e lazer, mas como uma profissão. “Quanto mais haver a democratização do ensino da dança, mais pessoas negras a gente vai ver. Por enquanto, ainda é pouco”, afirma.


Bailarina Jeovana Dutra no palco - Foto: Jeovana Dutra/Reprodução/Instagram/Crédito: @ santanas_fotografia


Ter, tem


O bailarino, professor, coreógrafo e membro na companhia de dança do Palácio das Artes de Minas Gerais, Jorge Ferreira, expõe que sua trajetória na dança não havia sido programada, mas, através do seu primeiro contato com o Centro de Atividades Musicais e Artísticas (CAMA), se apaixonou por esse universo.


Ferreira diz que apesar de haver poucos artistas pretos na dança, eles existem, mas, em algumas situações, não recebem o devido reconhecimento ou oportunidades. “O problema não é nem encontrar, porque encontram artistas negros com qualidades e projetos incríveis. Acho que o maior problema é aonde você encontra, porque ainda são poucos dentro de grandes instituições, dentro de grandes companhias, poucos em espaços públicos. Então eu acho que é esse olhar que a gente tem que passar a ter”, avisa.


Perfomance no palco pelo bailarino, professor e coreógrafo, Jorge Ferreira - Foto: Jorge Ferreira/Reprodução/Instagram


Ponta do pé


Já a bailarina do Ballet Jovem de Minas Gerais, Emanuela Santos, também diz que existem sim bailarinos negros no Brasil, porém não recebem o espaço necessário para desenvolvimento. “Esses bailarinos não são representados, não são visibilizados e não possuem protagonismo necessário”, lamenta.


Segundo Santos, somente deixar um bailarino negro dançar não é suficiente, mas é necessário dar espaço para que ele expresse sua arte e dá-lo reconhecimento.


Bailarina Emanuela Santos com figurino de apresentação - Foto: Emanuela Santos/Reprodução/Instagram


A bailarina profissional em dança clássica e contemporânea, Carolina Rodrigues, menciona que para haver mais pessoas pretas ou socialmente vulneráveis na dança erudita é preciso conquistar mais espaço e promover diversidade nesse meio.


Destaca que a dança é uma área de conhecimento e por mais que seja diferente do que as pessoas vêem como comum, ela transforma e une as pessoas, mas é necessário existir mais oportunidade para dar opções de escolhas. “A arte está aí para todas as pessoas”, encerra.


Bailarina profissional Caroline Rodrigues no palco - Foto: Caroline Rodrigues/Reprodução/ Instagram


A reportagem e entrevistas completas você confere agora. Aperte o play e inspire-se:




Galeria de Fotos:


Veja a galeria de fotos e conheça os movimentos precisos da bailarina contemporânea Jeovana Dutra e os objetos que encontramos em seu quarto. (Fotos: Taciane Baptista).


Confira nossa matéria no podcast: “Representas que serás também” .









 
 
 

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