Hollywood Favela: o preço dos sonhos do periférico

Conheça o Hollywood Favela, projeto criado por jovens da comunidade do Paulo VI que divulgam os sonhos dos moradores

Crianças se reúnem com as placas que formam o nome do projeto Imagem: Reprodução/Instagram

Os jovens moradores Paulo VI, bairro localizado na periferia de Belo Horizonte, fundaram o projeto Hollywood Favela. A iniciativa objetiva contar as histórias e sonhos dos moradores da comunidade.

A estudante Camille Souza, (17) com o apoio do ex-integrante do Fica Vivo, Wemerson Aparecido (26) e Luis Aguiar (28), criaram o movimento, que segundo eles nasceu do acaso.

A fundadora do Hollywood Favela, Camille Souza Imagem: Reprodução/Instagram

Através de um curta produzido e filmado por Camille com um membro da sua família, o Hollywood Favela obteve visibilidade nas mídias sociais com um grande alcance de visualizações.

Na ocasião, a estudante gravou um vídeo questionando a própria mãe se ela preferia vencer na vida ou ser feliz. A resposta que obteve foi que só de viver, ela estava vencendo.

De acordo com Souza, o projeto traz visibilidade para as pessoas que geralmente não recebem essa atenção. “Se a gente não pode ir até Hollywood, que Hollywood venha até a favela. É um lugar cheio de sonhos de oportunidades, cheio de tesouros, é um lugar muito rico”, afirma.

Transporte coletivo circulando no Conjunto Paulo VI Imagem: Reprodução/Instagram

Segundo a pesquisa realizada em 2010 pelo Instituto Brasileiro de Geografia e Estatística (IBGE) dos 190 milhões de brasileiros, 11,4 milhões vivem nos aglomerados subnormais (vilas, subúrbios e comunidades). Dentre os números apontados, mais 3,6 mil dessas pessoas vulneráveis socialmente vivem no Conjunto Paulo VI.

Até o fechamento desta edição o IBGE não divulgou o resultado mais recente da pesquisa que é disponibilizada a cada dez anos.

Futuro

Para o futuro, Camille sonha que o projeto tome proporções ainda maiores e destaca a importância da arte na vida dos moradores dos aglomerados.

“Eu acho que a arte salva e para a gente que é favelado, é a única saída. Eu quero poder ver o Hollywood favela crescer, ajudar várias famílias, dando visibilidade na mídia, tendo espaço de fala, de abertura de ideias e colocando tudo certo. Defendendo a ideia de que todo pobre, preto e favelado também tem o seu lugar”, finaliza.

Crianças brincam na comunidade do Conjunto Paulo VI Imagem: Reprodução/Instagram

Sociedade

Segundo a técnica em assistência social, Marlene Ferreira, é necessário a participação de toda a sociedade para revogar direitos devidos de toda a população.

“Temos políticas públicas, mas a gente sabe que quando elas vêm de cima pra baixo, quer dizer, o governo impõe uma para aquela região, mas ela nem sempre vai atender, porque precisa partir das ideias de quem está vivenciando a situação. Precisa de participação popular para construir uma política pública de qualidade", expõe.

Ferreira, salienta a importância dos projetos nos moldes do Hollywood Favela, para trazer visibilidade ao povo periférico. No entanto, destaca que é necessário que a população saiba cobrar seus direitos.

"O que precisa é que as pessoas tomem conhecimento dos seus direitos constitucionais. Direito a educação de qualidade, cultura e lazer. Trabalho é um direito. Trabalho não é favor, trabalho é direito do cidadão. Quando a gente toma consciência disso, a gente vai em busca do que é nosso por direito. Isso não é dito para gente na periferia. Isso não é falado, a gente precisa buscar", alerta.

Técnica em assistência social, Marlene Ferreira Imagem: Reprodução/Instagram

Sonhos

Um dos fundadores do projeto, Luís Aguiar, diz que a iniciativa do Hollywood Favela não surgiu com fins lucrativos, mas com um intuito de passar a verdadeira realidade da periferia.

Luís acredita que a equipe de gravação do projeto, sempre visa perguntar os sonhos dos moradores. No entanto, relata que algumas pessoas até desistem dos sonhos devido as dificuldades enfrentadas no dia a dia.

Aguiar comemora o crescimento da página do movimento nas redes sociais como meio de propor que os sonhos transmitidos possam ser transformados em realidade com apoio de organizações que tenham recursos para ajudar a comunidade.

Os vídeos com os relatos dos sonhos dos moradores mostram que muitas dessas esperanças estão fundadas na base da educação e profissional.

Confira o documentário com os relatos sonhos dos moradores do Conjunto Paulo VI.

Confira na galeria as fotos autorais e reproduzidas sobre a periferia de BH e metropolitana e como o Hollywood Favela faz diferença.

O periférico

Em meio a vulnerabilidade social, a criança periférica nutre seus sonhos e almeja um futuro melhor. Imagem/Reprodução

A periferia presente

A periferia está presente em várias regiões de BH e metropolitana. Esse é um dos aglomerados presentes em Betim. Imagem: Periférico

Aglomerados em BH

Somente em BH, segundo pesquisa do IBGE são mais de 226 comunidades. Imagem: Periférico

Comunidade em Santa Luzia

As comunidades também estão presentes na região metropolitana. Imagem: Periférico

O Hollywood Favela

Com tanta desigualdade, o Hollywood Favela surgiu para contar para a sociedade que os periféricos também têm sonhos e almejam um futuro melhor. Imagem/Reprodução

A equipe do Hollywood Favela

Você já conhece a fundadora do projeto, Camille Souza. Então a gente te apresenta aos outros membros. Wemerson Aparecido, 26 anos. Imagem/Reprodução

Luís Aguiar de 26 anos. Os três integrantes são moradores do Conjunto Paulo VI e para ajudar a comunidade a transformar seus sonhos em realidade, contam as histórias dos moradores nas mídias sociais. Imagem/Reprodução

O campinho

Muitos sonhos começam nos campinhos de multiuso das comunidades. Imagem: Periférico

Um futuro melhor

Onde os sonhos dos jovens em ser jogadores, projetam esperanças para o futuro. Imagem: Periférico

A vitória

E nesse futuro, almejam dizer para todos que a vitória enfim chegou, que a favela venceu. Imagem: Periférico

Dos mesmos produtores do Hollywood Favela, conheça também o Larica Zero, um projeto que tem como objetivo distribuir cestas básicas para as pessoas da comunidade em situação de extrema dificuldade.